Norwegian Wood veicula no fiapo entre a vida e a morte percorrido pelo complexo personagem Watanabe que (pela minha experiência, entenda-se) é o mais "documentado" do autor. Sente-se uma estranha melancolia impressa em cada página, o que confere um pulsar lento ao coração da narrativa.
O romance é retratado como uma autobiografia de Watanabe nos seus tempos de estudante com algumas inusitadas revelações. O leitor é convidado a acompanhar o personagem pouco depois do suicídio do seu melhor amigo, o que o aproxima da namorada do defunto, a frágil e doce Naoko. Watanabe é um estudante apático que vê eclodir dentro de si um sentimento idílico por Naoko, prisioneira de um turbilhão de pensamentos e gestos singulares que os separa. Enquanto aguarda a reciprocidade de intenções, Watanabe testemunha a sua vida, essa mistura de actos sexuais descomprometidos, rebeldias estudantis derruídas pelo seu pensamento crítico e amizades que tentam despertá-lo.
Para mim, Norwegian Wood é sinónimo de calma e brandura. Essas sensações tingem as palavras com ígnea vontade e conseguem olvidar a matiz sobrenatural e fantástica desprovida neste conto de Murakami. Pode não corresponder à estabelecida assinatura do autor, mas também é bom conhecermos outras facetas, ou não?
...Continua